Quando se trata de vida rural, muito se ouve falar sobre braquiária. Se você pretende iniciar algum tipo de cultivo e precisa de bons insumos para o solo, essa é uma bela opção. A grande vantagem é ser de origem natural, favorecendo a sustentabilidade e a agroecologia.
Por isso, é interessante saber mais sobre braquiária, conhecer os benefícios, as principais espécies e quais são os cuidados. Preparamos um guia completo e informativo, leia e saiba tudo.
O que é braquiária?
Braquiária ou brachiaria é uma espécie de capim e/ou gramínea forrageira que cresce em grande parte em solos ácidos. É nativa da África e foi introduzida no Brasil no final da década de 1980, com a principal função de servir de alimento para o gado bovino.
Esse tipo de “pasto” foi um dos responsáveis por intensificar a bovinocultura no país, tanto que se tornou um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do mundo. Para se ter ideia, a braquiária gerou tantos benefícios que está presente em 80% das pastagens do país.
Essa popularidade aumentou depois que a braquiária começou a ser utilizada para estruturação do solo antes ou em consórcio com o cultivo de muitas lavouras. De acordo com a Embrapa, os primeiros testes começaram junto às culturas de milho e sorgo. Depois, se estenderam para plantações de milho e café. Especialistas do órgão revelam que há ganho de produtividade no solo, cerca de 5 a 10 sacos de grãos a mais por hectare.
Além disso, todas as espécies de braquiárias se adaptam perfeitamente ao clima tropical brasileiro, favorecendo diversos sistemas agrícolas. Do mesmo modo, são importantes na integração de pecuária e lavoura, pois trazem ganhos tanto para a criação dos bovinos quanto para as plantas.
Quais suas vantagens e benefícios?
A braquiária possui uma série de vantagens e benefícios.
- Melhora as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo;
- Favorece o ganho e aumento da matéria orgânica;
- Reestrutura o solo a ponto de melhorar a infiltração de água e recarga do lençol freático;
- Aumenta a produtividade do solo e consequentemente os ganhos com a lavoura;
- Pode ser cultivada em consórcio (conjuntamente) com várias espécies: soja, milho, café, trigo, etc.;
- Há vários tipos disponíveis e todos com boa adaptação ao clima do país;
- Serve de alimento para o gado bovino, por isso também é vantajosa para a pecuária;
- Reduz a invasão de pragas e plantas daninhas, além de controlar o mofo branco;
- As raízes alcançam até quatro metros de profundidade, ajudando a reciclar os nutrientes do solo.
Tipos e espécies de braquiária
Saiba quais são os tipos e espécies de braquiária mais cultivados no país e suas características.
Brachiaria decumbens
Nome científico de duas variações de braquiária popularmente conhecidas como IPEAN (que possui folhas bem pilosas) e Basilisk, com folhas pouco pilosas.
São espécies forrageiras, perenes e com rápido crescimento, alastrando por todo o terreno e alcançando até 70 centímetros de altura. São as melhores variações para alimentar o gado, suportando pisoteio pesado, com alta formação e produção de massa verde.
Gostam bastante de chuvas e têm baixa resistência à seca. Devem ser semeadas em períodos chuvosos e se adaptam a praticamente qualquer tipo de solo.
Comuns no centro-oeste do país, nas regiões de cerrado, como Goiás e Mato Grosso. Boas opções para cultivar com arroz, trigo, soja, entre outras culturas.
Brachiaria brizantha
O nome popular dessa espécie é braquiarão ou brizantão. Trata-se de uma gramínea perene que cresce como touceira e chega até a 2 metros de altura. Possui folhas verdes escuras, pilosas e robustas.
O braquiarão cresce rapidamente e resiste bem à seca, por isso é comum em todas as regiões do Brasil. Entretanto, o solo precisa ser ácido, com média ou alta fertilidade e que não favoreça o encharcamento em épocas de chuvas.
Deve ser semeado de setembro a dezembro e se adapta bem ao plantio em consórcio com leguminosas e outras espécies. Quanto falamos em consórcio, trata-se de um sistema de cultivo conjunto entre a braquiária e outro tipo de planta, como milho ou soja, por exemplo.
Brachiaria ruziziensis
É um tipo de braquiária semelhante à decumbens, porém tem maior porte. Gosta de solos pouco ácidos, de média e alta fertilidade. Além disso, também é indicada para a bovinocultura.
Essa forrageira é indicada no plantio direto na palha, tem fácil controle e rápido estabelecimento no solo. Entretanto, acaba sendo suscetível a pragas, como cigarrinhas, além de baixa competição com plantas invasoras. Por isso, não é uma opção tão interessante em comparação às outras espécies.
Brachiaria humidicola
Essa variação de braquiária é perfeita para solos mal drenados e encharcados. Do mesmo modo, se adaptam a solos com baixa fertilidade.
Por outro lado, o estabelecimento é lento e o enraizamento baixo, por isso não tem boa produtividade – sobretudo em relação aos outros tipos de braquiárias. Tem boa tolerância às pragas, mas pode ser pouco viável no plantio em consórcio com outras culturas.
Como cultivar?
O cultivo da braquiária depende de cada espécie. De modo geral, o processo de semeadura é realizado solo ou conjuntamente com outras culturas. Entretanto, deve ser após a semeadura da cultura principal para evitar a competição entre as duas plantas.
Para uma boa produtividade e em lavouras grandes, a consultoria de um engenheiro agrônomo pode ser interessante, sobretudo na indicação de insumos para favorecer todo o projeto agrícola, tanto na formação da braquiária quanto das outras espécies.
Se o objetivo é plantar para o consumo do gado, é indicado apenas se atentar às condições do solo para escolher a melhor variação, além de ter uma boa área para plantação.
De modo geral, a braquiária é essencial para agricultores e pecuaristas que procuram opções acessíveis e sustentáveis. Escolha a espécie ideal, cuide bem e aproveite suas vantagens.
Esperamos que tenha gostado do nosso guia completo. Deixe um comentário e compartilhe. Boa sorte e até mais.
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